sábado, 25 de novembro de 2023

Célio Leal, o acreano que conquistou o Brasil na construção de currais para bovinos

  • Nene Junqueira

Hoje vamos contar a história do acreano Célio Leal, um acreano do pé rachado que conquistou o Brasil na construção de currais e serviços em carpintaria em geral.

Agronews – Célio vc é natural do Acre, qual município?

Célio Leal – Sim, nasci no município Feijó/Ac e fui criado em Rio Branco.

Agronews – Vc vem de uma família tradicional na construção de currais e obras de carpintaria em geral no nosso estado, me conta um pouco da sua trajetória?

Célio Leal – Então, sou de uma família pioneira na carpintaria. Meu pai, José Leal da Costa, mais conhecido como Zé Leal, especializou-se na construção de currais e obras rurais e, eu e meu irmão fomos ensinados por ele.

Agronews – Com quantos anos vc aprendeu a trabalhar com carpintaria e quem foi seu professor?

Célio Leal – Com 16 anos já era carpinteiro e trabalhava como auxiliar do meu pai na área de currais.

Agronews – Qual foi o primeiro curral que vc fez e qual fazenda foi?

Célio Leal – Foi um curral convencional para manejo de bois na fazenda Carrapateiro, no Acre, há 28 anos.

Agronews – Vc tem um diferencial nos acabamentos dos currais que vc faz, qual o segredo para esses detalhes fazerem a diferença ?

Célio Leal – Procuro fazer com muita eficiência observando cada detalhe, não abro mão de nenhum centímetros nas medidas e escalas no serviços, além da cautela para executar uma obra como se fosse pra mim.

Agronews – Como surgiu a ideia de fazer currais fora do Acre?

Célio Leal – Na verdade eu tinha um sonho de levar meu trabalho para fora do Estado, mas não sabia como, foi aí que um dos meus filhos veio morar em Cuiabá/MT e criou o Instagram, uma das redes mais utilizadas do mundo. A partir daí as obras foram sendo conhecidas e fiz o primeiro curral fora do estado, depois disso graças a Deus não parei.

Agronews – Hoje vc mora em Cuiabá – MT, por qual motivo vc escolheu o Mato Grosso?

Célio Leal – Pelo fato de ser uma região central do Brasil e a capital de Matogrosso, sendo a principal do agronegócio, vi aqui uma possibilidade de moradia e desenvolvimento da carreira.

Agronews – Quantos currais vc já fez e qual o curral foi o que marcou mais o seu trabalho?

Célio Leal – Não lembro com precisão, mas foram vários e todos eles marcaram meu trabalho de alguma forma.

Agronews – Celio vc tem uma empresa que não trabalha somente com currais, quais os tipos de construções vc trabalha?

Célio Leal – A empresa é de construção e reforma em geral, mas a área que mais deu engajamento foi realmente a área rural, mas ainda assim fazemos todo tipo de construção na cidade e no campo: curral, casas, decks, calçadas, galpão, cerca, manutenção e construção predial, etc.

  • Nene Junqueira
    É produtor rural e ex-secretário de Estado de Agricultura do Acre (2021/2022)

As três professorinhas que ajudaram alfabetizar toda uma geração em Cruzeiro do Sul vieram da roça e viram o pai perder a visão ainda jovem

Elas são filhas de Rosa Rodrigues da Silva e Justino Sales dos Santos, um agricultor do cinturão verde ao redor da cidade de Cruzeiro do Sul que ficou cego muito cedo. As três se entregaram ao magistério e ajudaram a alfabetizar uma geração em sua terra.
São elas:

  • Rosalva Sales de Oliveira, nascida em 31 de março de 1941, casada com Francisco Pereira de Oliveira, agricultor (in memorian), mãe de:
    Maria de Sales Oliveira, funcionária pública;
    Francisca de Sales Oliveira, professora;
    Sebastiana Sales de Oliveira, professora;
    Rosa Lene Sales de Oliveira, professora;
    Maria José Sales de Oliveira (in memorian);
    Rosangela Sales de Oliveira, professora; e
    Manoel Sales de Oliveira, setor privado.
  • Eliza Rodrigues Ferreira, nascida em 14 de agosto de 1946, foi casada com Abílio Ferreira Neto, policial militar, com quem teve quatro filhos, a saber:
    Elisangela Rodrigues Ferreira, contabilista que reside na Noruega há 24 anos;
    Álen Marcos Rodrigues Ferreira, tenente-coronel PM; e os gêmeos Adriana Rodrigues Ferreira, bancaria, e Adriano Rodrigues Ferreira, gerente comercial.
  • Sebastiana Rodrigues Soriano da Silva, nascida em 3 de setembro de 1950. Casou-se com Osmarino Soriano da Silva, mestre de obras (in memorian).
    Tiveram os filhos Sanderson Soriano da Silva, autônomo;
    Anderson Soriano da Silva (in memorian);
    Adelson Soriano da Silva, empresário da contabilidade;
    Richardson Soriano da Silva, frentista;
    Sandra Soriano da Silva Cunha, assistente social;
    Alessandra Soriano da Silva, concludente do curso de enfermagem;
    Tatiane Soriano da Silva, gerente administrativa.

Quando eram crianças o pai perdeu a visão e sua mãe precisou cuidar de tudo, desde as ocupações domésticas até a agricultura de substância, pra poder criar os seis filhos.
Professora Rosalva, a primogênita, começou a estudar como semi-interna no Instituto Santa Teresinha, escola de alto padrão da Igreja Católica. Foi através do Bispo Dom José Ascher (Francês) que ela foi alfabetizada pelo professor Antônio de Barros Freire, que empresta seu nome à uma escola de ensino fundamental em Cruzeiro do Sul, e também pela professora Francisca, a Chiquinha, que foi morta de maneira covarde, e também pela primeira Freira Dominicana Brasileira, Irmã Gracia.
Estudou até o 4° ano, mas ressalva que esse grau naquela época era muito bem feito e realmente o aluno aprendia. Logo foi lecionar na zona rural, na escola Acre-Amazonas.
“O Dom José Ascher disse um sim pra mim e esse sim foi o caminho para a minha trajetória de vida. Hoje eu retribuo tudo que eu posso nas obras da igreja e sobretudo na pastoral da saúde”, conta.
Com seu salário de professora começou a ajudar em casa sua mãe, seu pai e irmãos.
Depois estudou até a 8° série, logo em seguida concluiu o 2° grau e formou-se em Matemática no ensino superior.
Muitos alunos passaram pelos seus ensinamentos, hoje médicos, professores, dentistas, advogados e tantas outras funções na vida.
Também uma vida de militância orgânica partidária no então Partido da Frente Liberal (PFL), tendo organizado partido e coordenado campanhas eleitorais.
“Foi doloroso, mas não guardo mágoas e nem ressentimentos daqueles que eu ajudei e quando chegaram no poder, viraram as costas, mas, Deus viu o meu esforço e dedicação”, historia.
Destaca a amizade que sempre teve com o seu eterno companheiro de campanha, o ex-taxista e atual pecuarista, Walter Melo. “O Walter sempre foi um bom amigo, é uma das poucas coisas boas que me aconteceram na política, foi minha amizade com ele”, lembra.
Vendo essa realidade atual das coisas inimagináveis que acontecem dentro de sala, Rosalva diz: “No meu tempo, não precisava castigar, mas só falar e orientar, os alunos obedeciam. E hoje, a gente não vê isso.
Hoje está muito difícil, ser professora hoje não é mais como aquele tempo. Eu sempre digo: eu ensinei muita gente ler, eu ensinava e eles aprendiam. Até meus próprios filhos aprenderam comigo”, conta à nossa reportagem.
Deixa uma mensagem para a juventude: “Estudem, respeitem o professor assim como também deve-se amar pai e mãe e ter fé em Deus”.

A professora Eliza Rodrigues diz que o início foi pela necessidade e começou a trabalhar aos 17 anos. Lembra que sua mãe procurou o Bispo Dom Henrique, que também lhe deu uma “Bolsa de estudo” no Instituto Santa Teresinha. Lembra ainda que fez os três primeiros anos de estudos na escola Coronel Contreiras, mas, quando ingressou no Instituto Santa Teresinha, foi fazer o segundo ano e concluiu lá o ensino médio.
Destaca a sua tia, Raimunda de Sousa Barbary, e uma sonhora conhecida por dona Morena, como sendo as professoras que lhe alfabetizaram.
Lembra ainda que no 8° ano no Instituto Santa Teresinha começou a lecionar em algumas escolas, entre estas a Coronel Contreiras, Barão do Rio Branco, Braz de Aguiar, Valério Caldas de Magalhães, Flodoardo Cabral, e no próprio Instituto Santa Teresinha.
Destaca alguns poucos alunos que passaram pelos seus ensinamentos: Godofredo Magalhães, comerciante; César Messias, ex-prefeito, ex-deputado e ex-vice-governador;
Liberman Sampaio, o Liba, policial civil aposentado.
“Ser professor é uma profissão muito valiosa, porque todas as outras profissões dependem do professor”, trocadilha ela.
Foram 12 anos como professora e 26 como bancária, 38 anos de muito trabalho e dedicação e servir ao próximo.
Atualmente, Eliza se dedica também a pastoral da saúde da Igreja Católica. “Quando sai do banco, recebi um convite, aceitei e gostei e estou trabalhando até hoje, porque a gente tem que ter alguma atividade depois que se aposenta, então a gente adoece”, conta.
Eliza lembra que muitas pessoas chegavam e diziam: – Você vai se arrepender, tá muito cedo pra se aposentar, você vai entrar em depressão etc…A gente só entra em depressão, se a gente der lugar pra ela.
Deixa uma mensagem para a juventude: – Tem que estudar, pois a vida está cada vez mais difícil, e se não tiver estudo, ainda é mais complicado. É através dos estudos que as pessoas conseguem algo na vida.

A professora Sebastiana lembra do início de sua trajetória na vida educacional. Começou estudar na escola Coronel Contreiras e teve como suas alfabetizadoras as professoras Raimunda Barbary e Anália.
Logo em seguida sua família muda para a cidade e ingressa também no Instituto Santa Teresinha, onde ficou até o ensino médio. Ainda na época do ensino médio, se casou e no seu último do ensino médio, foi contratada como professora, lembra.
Começou a lecionar na escola Rodrigues Alves no Bairro da Várzea, também trabalhou na supervisão no núcleo da educação, também trabalhou na Escola Craveiro Costa e Professor Flodoardo Cabral.
Destaca que também trabalhou a noite por muito tempo no supletivo.
Lembra que ainda estava na ativa quando decidiram mudar a sede da Escola Craveiro Costa para o bairro do Remanso, e de lá, foi transferida para a Escola Antônio de Barros Freire, onde trabalhou os últimos anos até se aposentar em definitivo.
Destaca ainda a Madre Adelgundes Becker, que era diretora do Instituto Santa Teresinha e lhe conseguiu a Bolsa para estudar lá. Teve ainda como colega de classe, a Irmã-Paulina.
Por ter sido uma rígida professora de matemática, professora Sebastiana lembra que tinha alguns alunos que não gostavam dela, mas, tinham outros que gostavam.
Destaca o advogado Jader Maia Sobrinho, que foi seu aluno e lhe diz quando a encontra; “eu aprendi matemática com a senhora”. Jader é hoje um especialista em licitação e números do atual governo do Acre.

Lembra ainda das muitas andanças pelo Brasil a fora, com destaque para Goiânia, Porto Velho e algumas outras cidades, onde encontra ex-alunos. Eles chegam dizendo: – Professora eu estudei com a senhora. Mas, a maioria a gente não consegue lembrar porque a rosto muda muito e vão crescendo e crescendo.
Recentemente foi abordada por umas de suas alunas: Professora, eu não era muito boa em matemática, mas, hoje, com o que eu aprendi, também sou professora e estou como diretora de escola no município de Rodrigues Alves.
A professora Sebastiana também deixa uma mensagem para os alunos e a nossa juventude.
Que eles respeitem mais os professores, que hoje em dia não tem muito respeito em sala de aula.

Os professores hoje em dia tem muita dificuldade. Então a minha maior mensagem que eu gostaria de deixar, é que eles respeitem os professores e que ele estão ali pra ensinar e aprender com quem quer aprender.
Portanto, são 3 irmãs e professoras maravilhosas que tiveram como missão de vida, a causa da educação.

Por acre news

FEM DIVULGA: EDITAL DA LEI PG: PROJETOS

FEM DIVULGA RESULTADO DOS PROJETOS APROVADOS NOS EDITAIS DA LEI PAULO GUSTAVO; VEJA LISTA

A FUNDAÇÃO DE CULTURA E COMUNICAÇÃO ELIAS MANSOUR (FEM) PUBLICOU DO DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO (DOE) DESTA TERÇA-FEIRA (21) OS RESULTADOS DOS EDITAIS DE FOMENTO À CULTURA DA LEI PAULO GUSTAVO


Fonte: https://contilnetnoticias.com.br/2023

O primeiro edital, de audiovisual, com número 006/2023, disponibilizou o recurso de R$ 15.699.819,34, que será destinado a 117 propostas da produção acreana independente de obras audiovisuais para as categorias de desenvolvimento, produção, formação e eventos de obra cinematográfica, nos 22 municípios acreanos.

A iniciativa tem o objetivo de auxiliar na manutenção de iniciativas culturais de artistas, grupos, produtores, fazedores de cultura, técnicos, arte-educadores, entre outros trabalhadores da cultura, que foram diretamente afetados pela pandemia do Covid-19. O prazo para apresentação de recurso vai até a quarta-feira (22).

Os demais editais, de Arte e Patrimonio, Fomento a Entidades Artístico-Cultural, Prêmio de Fortalecimento da Cultura dos Povos Originários e Prêmio Mestres da Cultura Popular do Estado do Acre, também tiveram suas listas de inscrições divulgadas.


Por: Copyright© 2023 @Flávio Santos

Em mais um passo na construção da unidade em Jordão, Federação define até dezembro nomes dos candidatos a prefeito e vice

 

Em reunião realizada na tarde da última quinta-feira (23), a Federação Brasil da Esperança, composta pelo PCdoB, PV e PT, em Jordão, deu mais um passo para consolidar a unidade diante das eleições do próximo ano. Além dos partidos citados, o encontro contou com a presença de liderança do PSB.

Consciente da necessidade da Federação seguir coesa e movido pelo espírito da unidade, o pré-candidato Turiano Filho retirou a sua pré-candidatura a prefeito de Jordão. Em sua fala, ele ressaltou a importância da união e que o objetivo maior é cuidar do município e das pessoas.

Ainda durante o encontro, ficou deliberado que as candidaturas de prefeito e vice-prefeito sairão do PCdoB e PT, ou seja, das duas pré-candidaturas postas, de Elson Farias e Nágila Figueiredo. A Federação tem até o final de dezembro para deliberar quem será o candidato a prefeito e o vice. A ideia é que em janeiro isso esteja definido e o projeto já comece a ser trabalhado junto à população.

A reunião aconteceu com as presenças de Turiano Filho (PCdoB), Nágila Figueiredo (PT), Elson Farias (PCdoB), além do presidente da executiva municipal do Partido Verde, Poly Damasceno e Valério Marinho, do PSB. O ex-vereador Roberto Rodrigues (PCdoB) e o vereador Rosaldo do PT, participaram da reunião também.

Por extradoacre.com.br

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

ACRE: GOVERNO DIVULGA RESULTADO DO CONCURSO PÚBLICO D IAPEN


Na edição do Diário Oficial do Estado do Acre de quinta-feira, 23, o governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Administração (Sead) e do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen/AC), publicou o resultado definitivo da prova objetiva e resultado preliminar da prova discursiva com abertura de prazo para recurso do concurso público para o provimento de vagas de cargos do Iapen e da Polícia Penal do Estado, conforme o Edital nº 001/2023 – Sead/Iapen, de 19 de junho de 2023.

O resultado definitivo da prova objetiva segue na seguinte ordem: cargo, localidade, inscrição, nome do candidato, nota em ordem de classificação. Confira o resultado: DO17007103853693 (1).pdf.

Já o resultado preliminar da prova discursiva segue na seguinte ordem: cargo, localidade, inscrição, nome do candidato em ordem alfabética e nota. Confira o resultado: DO17007103853693 (2).pdf.

Caso necessário, o candidato poderá interpor recurso contra o resultado preliminar da prova discursiva no período das 8h do dia 24 de novembro até às 15h do dia 27 de novembro de 2023, por meio de link disponibilizado no endereço eletrônico https://concursos.ibfc.org.br/informacoes/6/, na aba Recursos. O resultado da análise dos recursos contra o resultado preliminar da prova discursiva será divulgado no seguinte link: Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação (ibfc.org.br), na aba Resultados.

Diante de dúvidas, o candidato poderá entrar em contato com o Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação (Ibfc), por meio do Serviço de Atendimento ao Candidato (SAC), pelo telefone (11) 4788-1430, de segunda a sexta-feira, em dias úteis, das 7h às 15h, ou através do e-mail concurso@ibfc.org.br.

(AGÊNCIA/ACRE)

Por blog do acciolytk

Jaques Wagner se pronuncia após votar a favor de PEC que enquadra STF

O senador, após ser duramente cobrado, foi às redes sociais esclarecer o seu voto

Jaques Wagner se pronuncia após votar a favor de PEC que enquadra STF. Agência Brasil

O senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo federal no Senado, foi às redes sociais explicar o seu voto a favor da PEC que restringe decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal (STF).

A aprovação da medida, amplamente comemorada por setores da extrema direita e bolsonaristas, ocorreu na noite desta quarta-feira (22) e, para surpresa de muitos, contou com o voto do senador Jaques Wagner, deixando muita gente perplexa.

Dessa maneira, o senador passou a ser duramente cobrado nas redes sociais por militantes do PT e também por alguns colegas de partido, entre eles o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ).

"Não consigo entender esse voto do Jaques Wagner??? No momento em que o bolsonarismo ataca o STF por causa do julgamento da tentativa de golpe de 8 de Janeiro e pelo medo da prisão de Jair Bolsonaro pelo próprio Supremo. Chancelar essa manobra oportunista do Pacheco e Alcolumbre, que querem fazer média com bolsonaristas, é um erro. Parabéns aos senadores do PT e ao líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, que votaram contra esse absurdo", escreveu Lindbergh Farias.


Jaques Wagner: "voto estritamente pessoal"


"Esclareço que meu voto na PEC que restringe decisões monocráticas do STF foi estritamente pessoal, fruto de acordo que retirou do texto qualquer possibilidade de interpretação de eventual intervenção do Legislativo", iniciou o senador petista.
Posteriormente, Jaques Wagner afirma que, "Como líder do Governo, reafirmei a posição de não orientar voto, uma vez que o debate não envolve diretamente o Executivo".

Em outro tuíte, Jaques Wagner reitera que está comprometido com "a harmonia entre os Poderes da República" e que possui "total respeito ao Judiciário e ao STF, fiador da democracia brasileira e guardião da Constituição".
Entenda a PEC e a votação

A aprovação pelo Senado na noite desta quarta-feira (22) da PEC 8/2021, que limita decisões monocráticas (individuais) no Supremo Tribunal Federal (STF) e outros tribunais superiores, contou com o voto do líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA), que juntamente com outros 51 senadores avalizaram a proposta de Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), cumprindo um antigo desejo da horda bolsonarista, de colocar amarras nas decisões liminares da principal corte do país.

"A população brasileira espera de nós, senadores, buscando o mínimo de estabilidade jurídica, de estabilidade política, de estabilidade das leis que são aprovadas aqui no Congresso Nacional, e obviamente não tem nenhum sentido virem a ser sustadas, suspensas por um único ministro do Supremo, por mais que ele possa ter razão, mas após uma análise de um colegiado", discursou Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na defesa da PEC.

Mesmo com a liberação da bancada pelo governo, Fabiano Contarato (PT-ES) orientou voto contrário após Wagner anunciar seu voto favorável à proposta. O senador capixaba fez uma referência à ação de Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia.

"Imaginem que nós temos uma pandemia, que todos os órgãos de controle sanitário determinem lockdown, e temos um presidente - hipoteticamente — que seja negacionista e baixe um ato determinando a abertura do comércio. Com essa PEC, não é mais possível um ministro decidir e determinar que aquele ato do presidente da República é inconstitucional para preservar o principal bem jurídico que é a vida humana", disse Contarato.

Ao final, apenas Wagner votou a favor da proposta, comemorada por bolsonaristas, na bancada do PT. Os outros 7 senadores votaram para vetar a proposta - que teve 18 votos contrários.

Em entrevista à GloboNews, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, minimizou o voto do colega do PT da Bahia, dizendo que seria uma ação "pessoal".

"Ele deu um voto pessoal, assim como os outros senadores deram seus votos pessoais", afirmou.

Costa disse que não houve orientação do governo Lula para a PEC que, segundo ele, "não foi pauta em nenhum momento de reunião ministerial e nem de reunião com o presidente da República".

"Eu confesso que só soube bem depois, porque estava entrando em reunião, saindo de reunião. Eu não acompanhei o momento da votação e só soube depois da votação encerrada. Então, eu não posso dizer que foi surpresa porque nós não tínhamos discutido quem votaria a favor e quem votaria contra", disse o ministro.
Entenda

O Senado aprovou na noite desta quarta-feira (22), por 52 votos a 18, uma PEC que é um duro golpe nos poderes do Supremo Tribunal Federal, em outras cortes superiores do país e até mesmo em tribunais de primeira instância. A matéria vai agora para votação na Câmara dos Deputados.

Se aprovada, a PEC 8/2021 tem por finalidade limitar decisões monocráticas (tomadas individualmente), assim como os pedidos de vista no STF e outros tribunais.

De autoria do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), e que tem como relator senador Esperidião Amin (PP-SC), a mudança vem sendo amplamente vista como uma retaliação do Congresso diante do protagonismo que o Supremo conquistou nos últimos tempos, sobretudo quando serviu como freio aos arroubos autoritários do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Caso a PEC seja aprovada, sempre que o presidente da República, da Câmara ou do Senado tomarem uma decisão, como promulgação de leis ou validação de atos, um único ministro, desembargador ou até mesmo juiz de primeira instância ficará impedido de suspender tal iniciativa por meio de uma medida cautelar (decisão liminar), suspendendo o efeito da lei ou do ato até que seu mérito seja analisado por um colegiado.

Na prática, quando um ministro do STF, por exemplo, suspende uma decisão tomada pelo presidente da Câmara, ou pelo chefe do Executivo Federal, essa medida não entra em vigor e permanece assim até a votação final do pleno do Supremo. Se entrar em prática, a PEC prevê que só decisões de todos os integrantes da Corte é que terão validade.

Quanto aos pedidos de vista, normalmente usados para paralisar um julgamento ou mesmo para largá-lo em alguma gaveta e legá-lo ao esquecimento, eles também terão novas regras.

Se for aprovada na Câmara e passar a valer, a PEC autorizará apenas pedidos de vista coletivos e por um prazo máximo de seis meses, ao qual poderá ser acrescido mais um período de apenas três meses, o que faz com que um pedido de vista dure no máximo, na pior das hipóteses, três meses.

Atualmente, cada um dos 11 ministros do STF pode pedir vistas e não há prazo para que o processo seja devolvido, muitas vezes implicando numa sequência quase que infinita de pedidos que podem fazer com que o objeto analisado fique para sempre paralisado no tribunal.

Veja como votou cada senador, por partido, na aprovação da PEC - aqui em PDF.




Por revistaforum.com.br