Jairo Carioca 09 Abril 2023
O IBAMA fechou o cerco contra o desmatamento ilegal na Amazônia e no combate a linha sucessória de venda ilegal de posses em assentamentos. O desmatamento na Amazônia nos primeiros três meses do governo Lula registra a segunda pior alta da série histórica, com 844,6 km². Os dados do Inpe podem ter motivado operação que bloqueou pátios das indústrias madeireiras e áreas em 220 fazendas somente em Acrelândia, no Acre. Empresários e proprietários de terras têm prazos para apresentação de documentos e possíveis desembargos. Na segunda, o Ministério do Meio Ambiente anunciará medidas mais duras.
O Acre é o sétimo na lista de desmatamento nos primeiros três meses do ano, entre os nove estados que compõem a Amazônia. Mesmo assim, a unidade federativa é alvo dos bloqueios nos pátios das indústrias madeireiras e nas propriedades rurais. A operação que começou no sul do Amazonas e em Rondônia – quarto e quinto colocados respectivamente no ranking de desmatamento do Inpe – chegou com força em Rio Branco, onde 90% das indústrias de madeira foram bloqueadas, e em Acrelândia, onde 221 fazendas tiveram áreas embargadas. O Ibama é o responsável pela operação.
Segundo dados que a reportagem teve acesso, dos 772 municípios na Amazônia Legal foram identificados alertas de desmatamento em 204. No entanto, 15 municípios concentraram mais da metade dos alertas. Porto Velho figura entre os maiores devastadores. Nenhum município do Acre está entre os que mais destruíram esse bioma.
Ainda de acordo dados do Inpe, mais da metade dos alertas de desmatamento ocorreu em áreas registradas no CAR, com prevalência de grandes imóveis (acima de 15 módulos fiscais).
Vem mais medida dura contra o desmatamento ilegal, todas elas no âmbito das ações emergenciais do Eixo de Monitoramento e Controle do PPCDAm (Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia). Reestabelecida, a plataforma de monitoramento será lançada na segunda-feira, dia 10, pela ministra Marina Silva.
Paralisação de atividades no Acre e cancelamento de posses
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Serrarias do Acre, Thyago Barlatti, o embargo das áreas produtivas em fazendas do Acre pode agravar ainda mais a crise no setor produtivo. “Os frigoríficos podem começar a paralisar suas atividades essa semana”, comentou.
Barlatti confirmou que o Ibama aguarda o envio de documentos que comprovem a regularidade das atividades de cada madeireira para a liberação dos serviços. O prazo é de 30 dias. “As documentações estão sendo apresentadas, temos um setor que é referência em sustentabilidade”, observou.
A reportagem apurou que o Incra foi chamado para participar do processo de embargos das fazendas em Acrelândia, identificando nos antigos projetos de assentamento, os proprietários originais e a linha sucessória de vendas irregulares das áreas. Não está descartado o cancelamento das posses. Os proprietários que tiveram áreas embargadas têm prazo para apresentação de documentos.
Cerrado foi devastado
Enquanto o governo federal joga duro na Amazônia, no cerrado, o desmatamento também correu frouxo. Os números, nunca antes apontados, revelam o pior índice de desmatamento dos últimos anos, com 1.375,3 km².
A devastação no cerrado impacta em oito bacias hidrográficas do Brasil. A devastação nos dois biomas equivale a quase duas vezes a área da cidade do Rio de Janeiro, revela o Inpe.
Por noticiasdahora.com.br
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