terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Casal que viaja de carro pelo Brasil se encanta com Croa, no AC: ‘um dos cenários mais bonitos na Amazônia’

Jornalistas Carina Furlanetto e João Paulo Mileski estão na estrada desde o dia 3 de maio de 2021. Acre é o 23º estado brasileiro percorrido pelo casal a bordo de um carro popular.

Por Iryá Rodrigues, g1 AC — Rio Branco
Rio Croa é um dos pontos turísticos em Cruzeiro do Sul — Foto: Arquivo pessoal

“Encontramos no Acre um dos cenários mais bonitos que já conhecemos na Amazônia: o Rio Croa, em Cruzeiro do Sul”. A fala é do casal de jornalistas Carina Furnaletto e João Paulo Mileski, que, há mais de um ano, decidiu desbravar todos os estados brasileiros a bordo de um carro popular. Após percorrerem mais de 50 mil quilômetros, eles chegaram ao Acre - o 23º estado dessa nova expedição.

A primeira parada em solo acreano foi a capital Rio Branco e em seguida, os dois seguiram para Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima, na região do Vale do Juruá, onde conheceram o Rio Croa e o Parque Nacional da Serra do Divisor (PNSD). Até o final desta semana, eles vão seguir em direção a Assis Brasil, na fronteira com o Peru e Bolívia, conhecendo as cidades pelo caminho.

Carina e João Paulo deixaram a cidade natal, Bento Gonçalves (RS) no dia 3 de maio de 2021 e, desde então, além do Rio Grande do Sul, também já passaram por Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão, Piauí, Tocantins, Pará, Amapá, Roraima, Amazonas, Rondônia, até chegarem ao Acre, o ponto mais ocidental do território brasileiro.

Casal se encantou com o Rio Croa, que fica em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre — Foto: Arquivo pessoal

Outras aventuras

Em 2019, a bordo do mesmo carro, o casal fez uma aventura de quase 14 meses por 10 países sul-americanos, história contada no livro “Crônicas na Bagagem: 421 dias na estrada - uma jornada de desprendimento pela América do Sul”.

Cada etapa da viagem é registrada em fotos, vídeos e textos. Nas redes sociais, o casal compartilha os detalhes da aventura e já coleciona mais de 134 mil seguidores. A ideia é que os escritos sirvam como base para um livro.

Ao retornarem para o Brasil, o objetivo era conhecer todos os estados do país, mas a pandemia acabou forçando uma pausa na continuidade da expedição.

“Conhecemos praticamente todo o nosso subcontinente e agora estamos tendo a oportunidade de conhecer de verdade o nosso país. Foram mais de 50 mil quilômetros até chegar ao Acre e estamos ansiosos para conhecer tudo o que o estado tem a nos oferecer”, contou Mileski.

Pela América do Sul, os jornalistas dormiam em casas de pessoas e no próprio carro. Nas 168 noites em que o veículo também serviu de “cama”, eles apenas baixavam os bancos da frente e deitavam ali mesmo. Na volta à estrada, por conta da pandemia, adaptaram o carro para tornar possível uma viagem com mais autonomia.

“Tiramos os bancos de trás e improvisamos uma cama, o que permitiu, sobretudo, nos momentos mais críticos da pandemia, viajarmos isolados, apenas nós e o carro”, disse Carina.

Nesses mais de 19 meses de estrada pelo Brasil, os dois já dormiram estacionados em praças, ruas, beiras de praias e de rio, postos de gasolina e até em estacionamentos de pedágio e de hospital. A estimativa é que expedição dure mais seis meses, aproximadamente.


Casal já escreveu livro contando detalhes de viagens — Foto: Arquivo pessoal

Vivendo com R$ 100 por dia

A adaptação no veículo também possibilita a economia necessária para tornar possível uma viagem de tão longo prazo. “Não pagamos por hospedagem e cozinhamos no próprio carro, em uma panela elétrica conectada a uma bateria extra. Essa foi a forma que encontramos para realizar nosso sonho. Além disso, as pessoas querem ajudar de todas as formas, nos dão comida e até gasolina. Nossa jornada seria muito mais difícil se não fosse a generosidade do brasileiro”, frisou Carina.

E para se manter na estrada, os dois apostam na venda de produtos como adesivos, ímãs de geladeira e cadernetas que eles mesmos criam, além da venda do livro sobre a viagem pela América do Sul.

“Também criamos e-books sobre roteiros, fotografia e dicas de viagem. A venda desses itens ajuda a nos mantermos na estrada. Também temos muitas contribuições espontâneas de pessoas que nos acompanham. Gastamos menos de R$ 100 por dia, contando absolutamente tudo: gasolina, comida e gastos gerais. Dormimos no próprio carro e fazemos a nossa própria comida. Isso ajuda a economizarmos e a tornar possível uma viagem de tão longo prazo”, contou Mileski.

Apesar de todos os desafios, como chegar a ficar três dias seguidos sem banho, eles garantem que os aprendizados compensam os sacrifícios.

“Costumamos dizer que viver viajando não é a fantasia que muitas pessoas imaginam. Quase todos os dias, por exemplo, precisamos pensar em um lugar seguro para dormir. Sem contar o desprendimento necessário para viver em um carro pequeno. Não temos banheiro e a nossa cozinha se resume a uma panela elétrica. Mas se continuamos é porque tudo o que vivemos nesses meses compensou os perrengues. Viajar é descobrir que o mundo nem sempre é como nos contam. Que o Sertão não é só seca, o Nordeste não é só praia e calor e que apesar de todas as notícias ruins que vemos na TV, as pessoas boas ainda são maioria. São essas descobertas que nos motivam a continuar”, disse Mileski.


Acre é o 23º estado brasileiro percorrido pelo casal a bordo de um carro popular. — Foto: Arquivo pessoal

Encantados com o Vale do Juruá

No Acre, o que mais encantou o casal viajante foi a beleza do Vale do Juruá. Apesar da distância e das dificuldades por conta das péssimas condições da BR-364, eles se dizem “encantado” com o que conheceram por lá.

“Ficamos fascinados com o rio Croa. Tivemos a sorte de estar na época em que se forma o tapete verde. Também vimos as vitórias-régias, gostamos muito desse contato tão próximo com a natureza. A Serra do Divisor foi outro lugar especial por aqui. Não apenas a Serra em si, mas o caminho de barco para chegar até ela. Demoramos 10 horas para chegar, parando em uma comunidade ribeirinha e em uma aldeia indígena. Vimos o cuidado e o respeito dos ribeirinhos e dos indígenas com a floresta. A Amazônia é mágica, tentamos viver ao máximo cada segundo dessa oportunidade”, frisou o jornalista.

O povo acreano também conquistou o casal. “Além disso, as pessoas aqui são muito receptivas. Estão nos apoiando de várias formas e isso ajuda bastante a explorarmos com calma cada cantinho do estado.”

Vale do Juruá foi um dos locais que mais encantaram o casal — Foto: Arquivo pessoal
Por G1

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