Em
busca de aliados para entrar na corrida presidencial, o governador de
Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), acabou dividindo a base do provável candidato
do PSDB, o senador Aécio Neves (MG).
Integrantes
dos dois partidos que deram sustentação aos tucanos nas duas últimas campanhas
presidenciais, o DEM e o PPS, começaram a manifestar abertamente preferência
pelo governador.
Num
encontro recente da cúpula do DEM, a maioria dos deputados que integram sua
bancada na Câmara disse que acha melhor embarcar no projeto político de Campos
do que continuar com o PSDB.
O
presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), já declarou
publicamente sua "simpatia" pelo pernambucano e convidou-o a
discursar na abertura da convenção da sigla, em abril.
A
movimentação começou a despertar preocupação entre aliados de Aécio. Eles temem
que ele termine isolado na disputa se Campos conseguir o apoio dos dois
parceiros históricos dos tucanos.
O
presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), que participou da reunião em que
os deputados da sigla defenderam a candidatura de Campos, acha que ainda é cedo
para definições. "O meu papel é somar as forças que se movam contra o
PT", diz.
Discretamente,
o PPS começou a planejar um lance mais ousado, a criação de uma nova sigla que
poderia atrair descontentes do PSDB e de outros partidos para engrossar as
fileiras do governador de Pernambuco.
Freire
disse que fará em breve uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral para saber
se poderia fazer isso patrocinando uma fusão do PPS com outro partido pequeno,
abrindo uma janela para a migração dos descontentes.
"Queremos
articular uma força que possa derrotar o governo que está aí", disse
Freire. "Quem tem condições de representar uma alternativa? Se o Eduardo
Campos representa isso, o PPS vê com simpatia. Se o Aécio representa, também.
Não há decisão."
A
aproximação de Campos com a oposição também conta com a simpatia de políticos
ligados ao ex-governador José Serra, que foi duas vezes o candidato dos tucanos
à Presidência e vê com desconfiança as chances de Aécio.
Como
a Folha noticiou, em janeiro Freire convidou Serra, de quem é amigo há muitos
anos, a migrar para o PPS.
Nos
últimos dias, Campos esteve com dois aliados de Serra no PSDB, o prefeito de
Manaus, Arthur Virgílio, e o de Teresina, Firmino Filho.
O
próprio Serra foi contatado recentemente pelo pernambucano. Interlocutores de
ambos classificaram a conversa como "amigável".
Num
encontro com outros dirigentes tucanos, o presidente nacional da sigla,
deputado Sérgio Guerra (PE), que já foi do PSB e tem uma antiga relação com
Campos, disse que o governador tem exibido mais disposição do que Aécio para a
campanha.
O
deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), aliado de Aécio, disse que a prioridade do
senador mineiro agora é aparar arestas internas --com Serra e o PSDB de São
Paulo. "Ele também tem conversado muito com os aliados, inclusive com
pessoas da base do governo", afirmou.
Aécio
irá a São Paulo dia 25 para um evento partidário em que espera acertar os
ponteiros com Serra e o governador Geraldo Alckmin. O senador conta com a ajuda
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que trabalha para pacificar o PSDB
e uni-lo em torno de sua candidatura.
DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
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