Estou hoje no México. Vim com autorização do parlamento representar o PCdoB no Seminário Internacional de Partidos Políticos e Poder popular. Mas é natural que eu acompanhe as noticias do Acre e do Brasil. E lendo o noticiário, me deparei uma matéria no ac24horas em que os dignos e honrados soldado da borracha reivindicam o reconhecimento do esforço que fizeram para ajudar o Brasil num esforço de guerra.
Já digo logo que estou incondicionalmente do lado deles. Na minha vida pública o que tenho de mais precioso é minha sinceridade e determinação em trabalhar. Foi por isso que no ano passado briguei para ser a relatora de uma Proposta de Emenda na Constituição que reconhece os verdadeiros heróis de guerra do Brasil: os soldados da borracha.
Conheço de berço dessa história. O projeto estava parado, na Câmara Federal, desde 2002, portanto, há 8 anos, quando cheguei naquela casa.
Briguei e consegui, em tempo recorde, e isso não é fácil, criar uma Comissão Especial. Briguei também, e consegui, ser a relatora da proposta, aprovar o relatório e mandar para o plenário da câmara. Porém, precisamos entender uma coisa, e sei que os nossos heróis entendem bem, pois são, como meu pai - que também é soldado da borracha - os cidadãos mais informados pela Voz do Brasil: emendar a Constituição da República não é fácil. Se assim o fosse, qualquer um faria o que quisesse com outros interesses em vários assuntos.
Para emendar a nossa lei maior o plenário da câmara e o plenário do senado precisam aprovar por maioria, e somente após isso sancionada. É pra isso. Nem precisa da presidente da república. São os próprios representantes do povo que decidem.
Assim sendo, quero lembrar que deixei tudo pronto para ser votado no final do ano passado, mas neste caso especifico, infelizmente, não tenho o poder em mãos. As votações das Medidas Provisórias tiveram força maior, trancaram a pauta. Veio também o debate da PEC 300, com mais de 1.000 policiais dentro da câmara pressionando por sua votação. Votação esta que também considero justa. O fato é que por esses e outros motivos, e talvez, ainda, por fslta de todo o envolvimento da Bancada do Acre e do resto da Amazônia, a PEC dos Soldados da Borracha, mais uma vez, não foi votada.
Mas eu não desisto. Prova disso é que a minha primeira ação parlamentar neste terceiro mandato foi desarquivar a PEC dos soldados da borracha e requerer a urgência de votação. Eu tenho vários amigos soldados da borracha, pais e mães de amigos meus. Meu pai, com quem eu mais converso sobre esse assunto, é um deles. Quando vejo uma pessoa calejada da vida, como meu velho Chico Jararaca, querendo melhorias, meu coração bate um pouco diferente e tento segurar as lágrimas.
Essa solidariedade que aprendi, lá no seringal, vai comigo para onde eu for. E sei, tenho um mandato parlamentar, portanto, a responsabilidade de trabalhar por todos. Queria eu que, em se tratando dos soldados da borracha, todos os deputados e senadores do Acre também pensassem assim.
Até tenho aprovado, nas diversas Comissões da casa, o projeto que reconhece os soldados da borracha como Heróis da Pátria. Isso é importante. Mas, por si só, não basta. É uma pena que eu não tenha mais poder. Também lamento que muitos torçam contra e pensem que eu faço isso em troca de voto.
Estou nesta luta por que, além de ser a minha obrigação enquanto representante do povo, o meu pai querido, de 89 anos, também é soldado da borracha. E sei que aqui dentro de mim que, se ele vier a morrer antes de desfrutar dessa vitória, trarei essa decepção comigo. Conviverei com essa derrota. Essa é a mais pura verdade.
Na minha vida política tenho me esforçado por todos. Ora para garantir o direito dos seringueiros, que não teriam mais espingardas; pelos alunos do vestibular; ora com os camelôs, que precisam de um espaço digno de trabalho; ora pelos produtores rurais, multados pelo Ibama e Imac; ora com as mulheres, com os mototaxistas, que mais uma vez precisam da nossa solidariedade para, no Supremo, não perderem seu ganha pão. Tenho sido solidaria com todas as ações que precisamos fazer pelo nosso Acre...
Todos que quiserem e eu puder auxiliar, contem comigo. á estou providenciando para que na próxima semana, meu gabinete sente com as pessoas que desejam informações ou explicações. Explicaremos tudo isso, nos mínimos detalhes. Afinal, quando se tem mandato, tem que se ter essa humildade, sempre: a humildade de dar explicações. Por isso, tenho me esforçado para que meu mandato não seja de gabinete e nem de gavetas, mas um mandato na rua, no dia a dia da luta, aprendendo e ouvindo o que eu posso fazer de melhor.
Um abraço, Perpétua Almeida
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