Seu Francisco, minha maior recompensar é cuidar de você!!!
Seu Francisco de Oliveira Feitoza, 50 anos, morava no Seringal Repouso - Paraíso - Rio Murú, em virtude de ser portador de Diabetes Descompensada mudou para residir na cidade de Tarauacá no Bairro da Praia. Seu quadro de Diabetes era tão descompensado que chegava as cifras de 560 mg/dl na glicemia de jejum e em virtude disto há dois anos perdeu a visão por impregnação de açúcar na sua retina.
Foi então que há 3 meses ele me procurou com o objetivo de controlar sua glicemia e me pediu se poderia se consultar comigo mesmo não sendo da área atendida pelo meu posto porque só faltava consultar comigo para tentar resolver o problema dele e já estava meio que sem esperança de controlar sua Diabetes. Foi ai que pedi para que abrissem um prontuário e que a partir daquele dia ele seria meu paciente.
Quando percebi o quadro notei que seria um desafio muito difícil. Quando começamos o tratamento sua glicemia estava acima de 500 mg/dl introduzi insulina NPH como ultima opção para dar qualidade de vida para o mesmo em virtude de pouco ou quase nada poder fazer em relação a sua visão que já estava em um quadro irreversível!
Após 3 meses de controle intenso, briga para conseguir a Insulina NPH (Fornecida pela Secretaria de Saúde) para controlar sua Diabetes conseguimos chegar no final de Dezembro a taxa glicêmica de 110 mg/dl! Foi uma vitória comemorada por todos. Ele mesmo me disse que não acredita que um dia chegaria a ficar com esse nível de glicemia! Particularmente fiquei muito feliz e realizado pelo sucesso Terapêutico!
Quando na última segunda Feira (03/01/2011) ele foi para a sua consulta de rotina no Posto, pedi para verificar a glicemia de jejum e deu como valor 220 mg/dl. Nossa, nesse momento fiquei muito triste e falei para Seu Francisco que não entendia como isso tinha acontecido. Foi ai que ele me olhou desconfiado e entristecido falou: “Dr. Rodrigo ficou assim minha glicemia porque eu não fiz a Insulina NPH no final de semana, na minha casa não tem geladeira e não dá para armazenar a medicação em casa, por isso só faço o tratamento de segunda a sexta”. Mas mesmo assim ainda falou confiante que iria dar um jeito e ainda ia conseguir comprar uma geladeira, não sabia quando, para poder continuar o tratamento que estava dando tão certo e me agradeceu por tudo que tinha feito por ele, por ter atendido ele mesmo ele não sendo da área do meu posto, de ter aberto seu prontuário, de ter lutado para conseguir sua insulina, de ter cuidado dele. Nesse dia me informei onde ele morava e perguntei se poderia ir lhe fazer uma visita.
Foi então que quarta feira (05/01/2011) fui conhecer onde o Seu Francisco morava e não fui sozinho. Quando ele me escutou não acreditou e quando sentiu que tinha trazido algo comigo, ficou emocionado e falou que nunca ninguém tinha feito isso por ele e me perguntou o que ele precisava fazer para me recompensar. Foi então que pedi para ele toda semana ir ao meu posto para verificar sua glicemia e me deixar continuar cuidando dele. Porque minha maior recompensada tava no seu abraço sincero e na sua lágrima de alegria
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